terça-feira, 4 de outubro de 2011

Telefone


Nesta dor molhada e só
Desejei o som daquela voz
E me vi de novo
Abandonando os próprios pólos.

Desejei palavras doces
Senti fome de sorrisos
Cai numa realidade torpe
Desconfiada de mim mesma.

Até onde pode chegar alguém que ama?
Até onde arriscar a confiança
De esperar uma simples promessa que se cumpra
Até quando alimentar a chama?

E esta fome que brota
O que fazer com ela
Não se sacia, não se mata
Repleta de um vazio tão pleno.

E esta dor que não tem nome?
Que fabrica lágrimas ácidas
Que descem corroendo a alma?

E esta vergonha encardida
De não ser mais a menina
Nem chegar a ser mulher?
Ficar neste meio termo
Escondida, encolhida, doída...

Não teve afinal o sorvete
Nem tocou o telefone
Tudo que queria afinal
Era alguém chamar seu nome.

Doce esperança de criança
Que aprendeu mais uma vez
A perder a confiança
Não investir em fiança
Nem esperar por herança
Os carinhos que já deu...

Bate de novo na porta
A amiga semimorta
Implorando um beijo meu.
O coração  eu lhe abro,
com serenidade, atitude
Te acolho pra mim, solitude...

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